É o período de desenvolvimento da literatura, que se caracteriza pela coexistência de uma intensa atividade cultural e literária no hinterland, no ghetto, apresentando textos de caráter não explícita e marcadamente político,por outro lado, na guerrilha,inequívocos poemas anti-colonialistas que teciam loas à revolução e tematizavam a luta armada.
Em 1964, Luís Bernardo Honwana publica Nós matamos o cão-tinhoso, um conjunto de contos que finalmente emancipa a narrativa em relação à preponderância da poesia. Nesse mesmo ano, sai, em Lisboa, o pequeno livro Chigubo, de José Craveirinha. Depois, até à independência, aparece aquele que tem sido apresentado como o primeiro romance moçambicano, Portagem, de Orlando Mendes, já em 1974, surgir, então, o Karingana ua karingana, de José Craveirinha, uma recolha de poemas escritos a partir de 1945.
Nos anos 1960/1970, em Moçambique, vão estar em cena bastantes escritores que abandonarão o país na independência. Intensifica-se assim uma tendência própria da colónia, qual seja a de criar muitosintelectuais, escritores e artistas com uma identidade nacional indefinida, vacilante ou dupla, escritores que passam a sentir-se moçambicanos e/ouportugueses: Rui Knopfli, Glória de Sant’Anna, Guilherme de Melo, Jorge Viegas, Sebastião Alba, Lourenço de Carvalho, Eduardo Pitta, João Pedro Grabato Dias (ou Mutimati Barnabé João ou António Quadros), Eugénio Lisboa, Ascêncio de Freitas, etc. Outros, como MiaCouto, Heliodoro Baptista, Leite de Vasconcelos, ficarão no Índico, assumindo sem reservas a cidadania moçambicana.
NENHUM MONUMENTO
Não são aparentes em ti as marcas de grandeza
nenhum monumento desfigura
ou altera a monotonia sem convulsões
do teu rosto quase anónimo.
A escassez de ogivas, arcobotantes.
rosáceas, burilados portais, cobra-la tu
na gravidade das tuas sombras
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